SANDRO CABRALMelo, Kaio Cezar Camillo de2025-07-242025https://repositorio.insper.edu.br/handle/11224/7932Governos de extrema-direita têm reconfigurado os arranjos institucionais, ampliando a ambiguidade normativa, enfraquecendo a estabilidade institucional e comprometendo a continuidade de políticas públicas socioambientais. Embora a literatura sugira que, nesses contextos, as organizações tendem a reduzir seus esforços em Responsabilidade Social Corporativa (CSR), redirecionando recursos para Atividades Políticas Corporativas (CPA), há escassez de evidências empíricas sobre como, de fato, as empresas respondem a esses cenários. Este estudo investiga as estratégias adotadas por organizações diante de pressões socioambientais exercidas por stakeholders externos estratégicos — como investidores, matrizes estrangeiras e clientes internacionais — em contextos marcados por governos populistas de extrema-direita. A análise baseia-se em entrevistas com executivos seniores de grandes empresas atuantes em setores altamente regulados no Brasil. Os resultados revelam duas respostas organizacionais distintas: a intensificação de CSR, como estratégia de proteção reputacional, preservação de legitimidade e dissociação simbólica do governo; e a manutenção de CSR, como continuidade deliberada de uma estratégia socioambiental de longo prazo. O modelo conceitual desenvolvido mostra que essas decisões são moderadas pela percepção do potencial de escrutínio socioambiental sobre a marca, o que explica variações estratégicas entre empresas expostas a pressões semelhantes. A pesquisa contribui para a literatura de estratégia de não-mercado ao demonstrar que, longe de ser sistematicamente reduzida, CSR pode ser mobilizada como resposta estratégica à instabilidade institucional, à retração do Estado e à flexibilização regulatória. Também propõe uma tipologia empírica das respostas organizacionais adotadas em ambientes politicamente adversos. Do ponto de vista gerencial, oferece parâmetros práticos para o uso de CSR como instrumento de gestão reputacional, proteção institucional e articulação com stakeholders externos, especialmente em contextos de baixa previsibilidade normativa.Extreme-right governments have reshaped institutional arrangements by increasing normative ambiguity, weakening institutional stability, and compromising the continuity of public socio-environmental policies. While the literature suggests that, under such regimes, firms tend to reduce their Corporate Social Responsibility (CSR) efforts—redirecting resources toward Corporate Political Activity (CPA)—there is limited empirical evidence on how companies actually respond to these contexts. This study investigates the strategies adopted by organizations in response to socio-environmental pressures exerted by strategic external stakeholders—such as investors, foreign headquarters, and international clients—in environments marked by populist extreme-right administrations. The analysis is based on interviews with senior executives from large firms operating in highly regulated sectors in Brazil. The findings reveal two distinct organizational responses: the intensification of CSR, as a strategy for reputational protection, legitimacy preservation, and symbolic dissociation from the government; and the maintenance of CSR, as the deliberate continuation of a long-term socio-environmental strategy. The conceptual model developed shows that these decisions are moderated by the perceived level of socio-environmental scrutiny over the brand, which explains strategic variations among firms exposed to similar external pressures. This research contributes to the nonmarket strategy literature by challenging the prevailing assumption of systematic CSR retrenchment under extreme-right regimes. It demonstrates that CSR can be mobilized as a strategic response to institutional instability, state withdrawal, and regulatory flexibilization. The study also proposes an empirical typology of organizational responses in politically adverse environments. From a managerial perspective, it offers practical parameters for using CSR as a tool for reputational management, institutional protection, and stakeholder engagement in settings marked by low regulatory predictability.Digital148Portuguêsgovernos de extrema-direitaestratégia de não-mercadoresponsabilidade social corporativa (CSR)risco políticovolatilidade institucionalempresas e regimes autoritáriosextreme-right populismnonmarket strategycorporate social responsibility (CSR)political riskinstitutional fragilitybusiness and authoritarian regimesComo organizações respondem estrategicamente a desafios socioambientais sob governos de extrema-direita, quando enfrentam pressão de stakeholders externos estratégicos?master thesis