Ondas De Calor E Violência Doméstica: Evidências Para O Brasil

Abstract

Este artigo busca fornecer evidências sobre os impactos de mudanças climáticas, especificamente ondas de calor, na violência doméstica no Brasil. Na parte teórica do trabalho, é estruturado um diagrama, adaptado do modelo CLASH (CLimate, Agression, and Self-Control in Humans) visando entender como a temperatura local molda a cultura e o processo decisório dos indivíduos, podendo levá-los a cometer atos como violência doméstica, ou mortes relacionadas a saúde mental, como suicídio. Na parte empírica, serão utilizados dados criminais (mortes por agressão e saúde mental), populacionais e climáticos, como temperatura máxima e uma variável criada pelo autor caracterizando uma onda de calor, via grades diárias, para assim estimar o efeito deste fenômeno de ondas de calor em casos de violência. O método utilizado foi o Diff n Diff, com o estimador de Chaisemartin e D’Haultfoeuille (2024), e os resultados encontrados foram efeitos positivos significativos para o aumento de mortes por agressão e por doenças causadas pelo consumo de álcool, quando o município sofre com uma onda de calor. As evidências encontradas indicam que há um efeito quase imediato, sendo refletido nas primeiras semanas, e depois se dissipa, o que confirma a hipótese teórica.

This article aims to provide evidence on the impacts of climate change—specifically heat waves—on domestic violence in Brazil. In the theoretical section, a diagram adapted from the CLASH model (CLimate, Aggression, and Self-Control in Humans) is presented, aiming to understand how local temperature shapes culture and individual decision-making, potentially leading people to commit acts such as domestic violence. In the empirical section, the study uses criminal data (deaths by aggression and mental health-related causes), population data, and climate data—such as maximum temperature and a heat wave variable created by the author using daily grid data—to estimate the effect of heat waves on violent incidents. The method applied is the Difference-in-Differences approach by Chaisemartin and D’Haultfoeuille (2024). The results show significant positive effects of heat waves on the increase in deaths by aggression and alcohol-related diseases when a municipality is experiencing a heat wave. The effect is nearly immediate, peaking in the second, third, and fourth weeks, then dissipating—supporting the theoretical hypothesis that heat shocks may increase the likelihood of individuals committing aggressive offenses.