Performance das empresas de bens de luxo durante a crise sanitária e econômica do Covid 19

Abstract

Este trabalho busca compreender como a performance das empresas de luxo se comporta durante períodos de recessão econômica, tendo como foco a crise provocada pela pandemia da COVID-19. Parte-se do raciocínio de que, em geral, durante crises econômicas ocorre uma redução da demanda agregada, ou seja, os indivíduos tendem a reduzir seu consumo de forma geral. No entanto, esse comportamento não é necessariamente observado no caso dos bens de luxo em alguns casos, esses produtos apresentam crescimento nas vendas, o que se reflete em aumento de receita para as respectivas empresas. O diferencial deste estudo em relação à literatura existente está na base de dados utilizada: a performance será mensurada por meio da variação de receitas trimestrais de 63 empresas, sendo 18 do setor de luxo e 45 do setor de consumo discricionário (excluindo luxo), com dados extraídos das plataformas Bloomberg e Economatica. Como metodologia, será utilizado o modelo Difference-in-Differences, a fim de captar os efeitos da pandemia sobre o desempenho das empresas ao longo do tempo. Os resultados indicam que, relativamente ao grupo de comparação, as empresas de luxo sofreram uma queda significativa de receita no curto prazo, sugerindo maior sensibilidade do que a inicialmente esperada. Por outro lado, apresentaram um desempenho relativamente superior em termos de lucro líquido nos primeiros períodos após o choque, embora esse efeito tenha se mostrado transitório. Já no caso da dívida líquida, não foram observados efeitos estatisticamente significativos ao longo do tempo.This study aims to understand how the performance of luxury companies behaves during periods of economic recession, with a focus on the crisis triggered by the COVID-19 pandemic. It is based on the reasoning that, in general, economic downturns lead to a reduction in aggregate demand, meaning that individuals tend to decrease their overall consumption. However, this behavior is not necessarily observed in the case of luxury goods, in some cases, these products experience increased sales, which is reflected in higher revenues for the respective companies. The main contribution of this study to the existing literature lies in the dataset used: performance is measured through quarterly revenue variations from 63 companies, including 18 in the luxury sector and 45 in the non-luxury discretionary consumption sector, with data sourced from the Bloomberg and Economatica platforms. The methodology employed is the Difference-in-Differences (DiD) model, aiming to capture the effects of the pandemic on corporate performance over time. The results indicate that, relative to the comparison group, luxury companies experienced a significant short-term decline in revenue, suggesting greater sensitivity than initially expected. On the other hand, they showed relatively stronger performance in terms of net income in the early periods following the shock, although this effect proved to be temporary. Regarding net debt, no statistically significant effects were observed over time.