Medidas de Ociosidade Econômica e Seus Efeitos na Taxa de inflação Brasileira

Abstract

Este trabalho avalia empiricamente o desempenho de diferentes medidas de ociosidade econômica na previsão da inflação brasileira, com foco na taxa de demissões voluntárias (quits rate), no hiato do produto e em uma proxy de tightness do mercado de trabalho. A análise parte do arcabouço da Curva de Phillips e adota uma abordagem de previsão fora da amostra com modelos ARIMAX, utilizando dados mensais entre 2020 e 2025. O exercício econométrico foi estruturado em duas etapas: (i) modelagem e projeção das variáveis de controle com ARIMA univariado com base em critérios de menor AIC, e (ii) estimação de quatro modelos de inflação, três com diferentes proxies de slack como variáveis exógenas e um modelo benchmark apenas autorregressivo. A performance dos modelos foi avaliada com base em métricas como AIC, RMSE e MSE. Os resultados indicam que todas as medidas de slack utilizadas contribuíram para melhorar a explicação e previsão da inflação em relação ao modelo puramente autorregressivo. O modelo com o hiato do produto apresentou o melhor ajuste estatístico, enquanto a proxy de tightness demonstrou coeficiente significativo e aderente ao arcabouço teórico. A quits rate, embora com significância marginal, também mostrou potencial para capturar pressões inflacionárias de curto prazo. Esses achados dialogam com os resultados de Barnichon e Shapiro (2024), que destacam a utilidade de medidas alternativas ao desemprego tradicional na previsão da inflação. No caso brasileiro, marcado pela ausência de estatísticas consolidadas sobre abertura de vagas, indicadores como tightness e quits rate assumem papel especialmente relevante para aprimorar a modelagem inflacionária.